O jornalista e colunista do jornal O Novo, Adriano Leite, entrevistou nesta semana o fundador e diretor técnico da Campanelli Gramados Esportivos, Miguel Campanelli. A entrevista aconteceu no estúdio da rádio Mega FM de Guararema, e contou um pouco da história de Miguel e sua empresa, além de momentos marcantes e conquistas que obteve ao longo da vida. Confira:
A Campanelli completa em outubro 44 anos. No início atuávamos só com paisagismo, na área de projeto, execução e conservação de áreas verdes. Foi quando, percebemos uma deficiência no Brasil em relação ao seguimento de gramados, principalmente gramados esportivos, como golfe, polo, beisebol e futebol. E começamos a investir na importação de equipamentos, direcionados para a atividade de gramados esportivos, avançando nossos trabalhos na parte de projeto, implantação, revitalização e manutenção de gramados esportivos.
Realmente para nós, é um grande desafio. Já estamos atuando na Arena há mais de quatro anos, e desde o ano passado, a CBF faz visitas periódicas, não se transforma em um gramado “top de linha” da noite para o dia. Tudo isso é um processo, principalmente por conta da condição climática, o que tem uma implicação muito grande no manejo de um gramado esportivo. A gente vem se preparando para esse evento há alguns meses, e sempre também atendendo a agenda da Arena, que é muito disputada. Temos também essas exigências padrões FIFA, que são pré requisitos regulares para que haja sucesso na jogabilidade. O gramado, em minuto algum, pode correr o risco de prejudicar um passe em uma partida, muito pelo contrário, ele deve facilitar.
Um exemplo muito próximo é o gramado do Nogueirão aqui em Mogi, que há alguns anos passou por uma reforma e a empresa responsável contratou a Campanelli para construir um novo gramado. É um gramado semi-profissional, com sistema de drenagem, sistema de irrigação, a grama bermuda plantada em springs (uma tecnologia para evitar o excesso de argila na base do solo), o que ajuda muito na vida de manutenção de um gramado. E, por ser dentro de casa, a gente faz questão de dar uma atenção especial ao gramado do Nogueirão.
Isso também foi uma grande oportunidade que a Campanelli teve, na sua gestão, que até onde sabemos foi um grande sucesso. Foi uma mini quadra ao lado do ginásio, com grama sintética de 52mm, com uma camada de areia e grânulos de borracha para amortecer, e o atleta se sentir em um gramado natural.
Hoje, temos aí muitos recursos e procedimentos que auxiliam no tratamento dessa manutenção preventiva de gramados esportivos, contudo, é muito importante que o profissional que acompanha esses procedimentos tenha sensibilidade no manejo. Muitas vezes, antes de uma partida ele pode fazer uma aeração, ou duas descompactações. Tudo isso pode ajudar muito, afinal não há como mensurar um alto índice pluviométrico, por exemplo, como no caso que aconteceu recentemente em Itaquera.
Realmente, hoje, existe esse conceito de multiuso, porque não é nada fácil você manter uma arena aberta. Toda a manutenção é muito cara, principalmente no caso de gramados utilizados para shows, eventos religiosos e outras atividades além do esporte. Montam-se grandes palcos que ocupam um quarto de um gramado oficial. Por mais que sejam bases apropriadas, a grama fica coberta por cerca de quatro dias, por toneladas de equipamentos de som, o que acaba prejudicando muito um gramado. Óbvio que ele deve ter uma assistência diferenciada, para logo em seguida entregar o gramado para uma partida oficial. Ás vezes, não se tem muito tempo para isso. É muito justo, é um trabalho triplicado, que às vezes envolve um replantio de grama, que deve ser feito da noite para o dia. Tudo para atender as expectativas do futebol, por exemplo.
CT Retrô FC – Camaragibe – PB
Fonte: Jornal O Novo